Saúde
Pública no Brasil: Durante a Ditadura militar
Por: Ariane Cristina
Dias de Carvalho
Instituto Superior de
Ciências Havana-Cuba
Continuaremos
hoje com a história da saúde pública no Brasil, na época da ditadura militar, este
texto tem grande importância para entender como a saúde se tornou na visão de
muitos uma fonte econômica onde obter lucro é o mas importante.
A
primeira década da ditadura militar de 1964-1974, foi marcada por muitas
reformas institucionais e a interrupção do processo democrático. A prioridade
era o processo de modernização autoritária, que levou o país a um grande
crescimento industrial, época conhecida como “milagre econômico”. Os investimentos na infra-estrutura econômica
aumentaram, enquanto os gastos com as politicas sociais diminuíram. Todas estas
reformas afetaram profundamente a saúde pública, que em esse momento priorizava
a mercantilização do sistema de saúde com ênfase no modelo hospitalocêntrico.
Durante
a primeira década do regime militar, configurou-se um sistema de atenção
estatal à saúde, mantido pelos recursos da previdência social que prevalecia
sobre o Ministério da Saúde. Uma das primeiras medidas de esse governo foi a
unificação dos IAPs ao Instituto Nacional
de Previdência Social (INPS), ocorrida em 1966, que concentrava todas as
contribuições previdenciárias, gerenciava aposentadorias, pensões e assistência
médica de todos os trabalhadores formais. Ficavam excluídos desse processo os
trabalhadores rurais e os trabalhadores urbanos informais que constituíam a grande
massa dos “sem carteiras assinadas”, estes cidadãos que no contribuíam a previdência
social obtinham atenção a saúde em centros e postos de saúde pública, desde que
integrassem o perfil dos programas (atenção materno-infantil, tuberculosos, hanseníase
e outros) ou nos serviços de saúde como as Santas Casas, Consultórios e clínicas privadas, desde que
tivessem poder aquisitivo para serem atendidos.
A
previdência social patrocinava o desenvolvimento do setor privado mediante a
compra de serviços privados de saúde e assim estimulava um padrão de
organização da prática médica orientada pelo lucro. A contratação de hospitais
e laboratórios privados era remunerada por Unidades
de Serviço (US), modalidade considerada como uma “fonte incontrolável de corrupção”, já que, os serviços de saúde
inventavam pacientes e ações que não tinham sido praticadas ou escolhiam fazer
apenas as mais lucrativas. A medicina de grupo outra modalidade de saúde
sustentada pela previdência, praticava convênios com empresas a qual passava a ficar
responsável pela assistência médica de seus empregados e, dessa forma, deixava
de contribuir com o INPS, o principal interesse desses convênios era diminuir a
quantidade de serviços prestados e baratear os custos desses serviços.
A saúde no Brasil tornou-se
ineficiente e conservadora, com atuações que se restringiam a campanhas de
baixa eficácia com graves consequências para a saúde da população, motivo pelo
qual em 1967 se realiza a 4a
Conferência de Saúde presidida pelo ministro Leonel Miranda, assumindo
novamente o caráter das primeiras conferências, onde se discute a necessidade
de profissionais capacitados e o desenvolvimento de uma política de saúde. Foi então
quando surgiu a proposta, mas privatizante do Sistema Nacional de Saúde o Plano
Nacional de Saúde (PNS) que pretendia que todos os hospitais fossem vendidos a
iniciativa privada, transformando-os em verdadeiras empresas privadas.
O
governo militar foi marcado pela repressão política e o desenvolvimento de um
padrão de organização da prática médica orientada para a lucratividade do setor
de saúde, a organização da pratica medica em moldes mais capitalistas, passou a
diferenciar o atendimento em termos da clientela e não pacientes, facilitado
pela interferência estatal no setor da saúde. Este regime deixou suas marcas na
saúde do povo brasileiro e deixa uma pergunta no ar: Influenciou este modelo de alguma maneira no sistema de saúde que
temos hoje no Brasil? Veremos na próxima semana como começa ainda na época
da ditadura a reforma sanitária do sistema de saúde e suas conquistas na tentativa
de mudar a situação da saúde do nosso país.
Referências
Bibliográficas
- OLIVEIRA,
J. de A & TEIXEIRA, S.M.F (Im) previdência Social: 60 anos de historia
da previdência no Brasil. Petrópolis : Vozes, Abrasco, 1986.
- TEIXEIRA,
S.M.F. (Cood.) Antecedentes da Reforma sanitária. Textos de Apoio. Rio de Janeiro: PEC, Ensp, 1988.
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J. C. de S.; PAULA, S. G. de. Saúde e Previdência: Estudos de política
social.
São Paulo: CEBES-HICITEC, 1981.
- BOSI,
E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 3 ed. São Paulo: Companhia
das
Letras, 1994.
- BRASIL.
Conselho Nacional de Secretários de Saúde. SUS: Avanços e Desafios;
CONASS, 2006.164 p.
Parabéns pelo texto, Ariane, se os brasileiros tivessem mais oportunidade de conhecer esta Historia, alem serem contra esta reforma da previdencia, não apoiariam governo golpista. Marisa Hirata
ResponderExcluirDurante a primeira década do regime militar, configurou-se um sistema de atenção à saúde.A qual tipo de sistema nos referimos?
ResponderExcluirIntermunicipal.
Governamental.
Municipal.
Estatal.
Federal.